Alimentamos, desejos, esperanças, sonhos, vontades, mesmo sabendo serem de realização apenas no plano dos devaneios. Maltratamos nosso coração com paixão impossível e utópica, só existente no lado de dentro da gente, onde nos faz feliz só de saber que existe tal desejo, tal felicidade, mesmo que inatingível no lado de fora, onde o toque é quente e real. Mas, mesmo ficando trancada dentro do peito, apesar de nos maltratar ela, nos aquece e nos faz pensar o quão bom é estar vivo e poder ter o privilégio de senti-la, seja por coisa ou pessoa. De forma platônica e silenciosa todos nós nutrimos em nossos interiores paixões que se externadas poderiam destruir todas as conquistas reais de cada um de nós, é nosso arquivo mental o cofre mais seguro que existe, pois os documentos que registram essas raridades que são nossas intimidades, nossos pecados, nossos desvios, nossos quereres indevidos e até mesmo não corretos, ficam guardados com perfeita blindagem, e são apagados de tempos em tempos, pelo nosso cérebro, através do esquecimento, e outros só são conhecidos se nós os publicarmos. Não existe senha, segredo, combinação numérica ou alfabética que possa ser cedida a alguém para que possa ter conhecimento deles, somente nós, seus donos podemos conhecê-los, curti-los e expô-los se assim nos convier. Muitas vezes sofremos por compor documentos que ficam em nosso cofre mental, abertos mostrando seu conteúdo, nos maltratando por ser mais correto seu expurgo sua destruição, mas ficamos tentados a olhar para eles, alimentando uma esperança sem sentido e sem condições de concretização numa teima íntima sado masoquista que nos dá prazer só de ter tido o prazer de estar aqui e ter podido escrever o mesmo. E agora, repito, a vida mesmo sem sentido é a coisa mais perfeita que existe, pois o sentido dela está em não fazer
sentido, é viver simplesmente pelo prazer de viver, amar, e criar dentro da gente castelos encantados com toda sorte de ….vidas.
