sábado, 27 de março de 2010

Fases da Vida da Gente...


Interessante como Deus nos lega coisas que dão medo e prazer simultaneamente, há três dias ocorreu um fato nada normal na minha região, conhecida como Zona da Mata Mineira, uma das regiões mais pobres de Minas Gerais só mais desenvolvida que Vale do Jequitinhonha e do Mucuri ao norte do Estado, e todos sabem é de cerrado, região arida onde a precipitação de chuvas é baixissíma, ou seja, fáz parte do poligono da seca que de vez por outra é mostrado nas TVs com imagens de carcaças de animais mortos, senhoras idosas com latas d'agua na cabeça etc.O fato até mesmo pitoresco de tão inusitado, trouxe perplexidade a tôda a região, num mixto de medo, estupefação, revolta, incredulidade etc, um fato admito até histórico num momento que nossa região luta para sair do ostracismo, do abandono, visto que temos em nossa região um AEROPORTO pronto, isto mesmo pronto, que foi construído para ser usado como um terminal de cargas para região toda, e que está dependendo de ser homologado pelas autoridades da área, bem como autorizado pelos governantes seu funcionamento, mas tais fatos não se concretizam, apesar de inúmeros apelos aos políticos das esferas estadual e federal. Fato que considero histórico até por desvendar coisas que eu aos meus mais de meio século de vida desconhecia existir em minha região natal, tais como a existência de latifúdio improdutivo, coisa pequena, só quatro mil e ba ba ba de hectares, ou seja quatro mil e tantos campos de futebol para se ter uma ideia da dimensão do desperdicio, visto que por reportagens surgidas depois do fato acontecido, foi divulgado que estas terras já foram grandes produtoras de café e outras riquezas agricólas, e hoje na mesma proporção só que ao contrário, nada...
O FATO: um grupo de famílias do Movimento dos Sem Terra formados por colonos e famílias da região ocuparam a propriedade munidos de um laudo emitido pelo INCRA atestando a condição de propriedade territorial improdutiva que não cumpre sua função social, produzir alimentos. Por vontade de Deus fui convidado a conhecer o acampamento deles, aí confesso veio um mixto de medo e curiosidade, pois sempre acreditei no que o MST busca ( Não tenho nada com aproveitadores e mal caracter que se infiltram para levar vantagens ou manchar a função social do mesmo), cidadania sobre uma coisa que deveria como a renda, ser melhor repartida a fim de que não houvesse tanta míseria e fome neste mundo a terra. Áceitei o convite e fui conhecer o local, ao chegar deparei com um aparato policial majestoso, só faltando menbros da marinha, visto que tinha policiais militares, bombeiros, policiais florestais e depois que solicitei, não sei se devida, autorização do comandante no local para entrar e conversar com o cidadão que me convidou, fiquei assustado com um helicoptero(aeronautica) fazendo vôos baixos fotografando a área, causando uma sensação que me fez lembrar a reunião de Lula no Estádio Vila Euclides, quando dos grandes embates dos trabalhadores metalurgicos do ABC paulista, não vivi aqueles momentos, mas a sensação de impotência frente ao que pode acontecer é preocupante e temorosa, pois não se sabe qual a intenção daqueles que voam sobre nossas cabeças, uma coisa é certa, como tomei conhecimento depois, era apenas reconhecimento, mas que causa um impacto psicologico de pressão tremendo... pode-se dizer medo mesmo, na melhor de suas definições... sem contar que no acampamento tinha crianças de 0 a 3 anos o medo e o pavor se torna traumático, pois estas pequenas criaturas estão numa luta numa fase muito tenra de suas vidas, curtindo sua inocência junto ao sofrimento e a aflição dos pais que como bandeirantes do século XXI lutam para ter espaço onde outros o desprezam deixando a própria sorte uma imensidão de terras sem produzir nada, ou melhor produz sim, indignação e tristeza, pois se quizessem era só divulgar o espaço rural, oferecendo-o a quem quisesse explora-lo; num país onde estão desmatando a maior floresta do mundo a Amazonia, acredito eu que muitos daqueles criadores de gado gostariam de produzir carne tão perto dos grande centros consumidores. Mas, uma vez que não foi pensado isto antes, agora torço para que nosso Governo Federal indenize o mais rápido possível estas terras e as partilhe para famílias que queiram trabalha-las, se isto for o que a justiça decidir, caso contrário que dê apoio às famílias ali acampadas para que tenham onde seus desejos satisfeitos. Esqueci de mencionar onde estão as RAIZES FORTES, estão nos corações dos estudantes, e de todos da sociedade que entendem e apoiam este movimento social e todo e qualquer outro, visto que SOCIAL, é o que na política se usa para se referir a ações voltadas ao povo... então, movimento social é igual movimento pro povo... neste caso é só lembrar que nosso alimento vem da terra, e para isto ela tem que ser cultivada, e não deixada às ervas daninhas... Também estão nos corações e nas mentes dos policiais que cumpriram suas ordens de maneira tranquila, sem agressões, e acima de tudo com educação. Quero aqui neste registro deixar claro que não conheço os donos daquela propriedade, não tenho nada contra eles, a não ser a tristeza de ver abandonada uma história de vida onde tanto suor foi vertido. Que Deus abençoe aquela terra e que ela volte a produzir alimentos para todos da região.

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